Sociedade… Tecnologia… Técnica… A nossa sociedade depende de sistemas interconectados, hardwares, softwares, bytes, megabytes. Segundo Winner, vivemos num “sonambulismo tecnológico”. “Se todos os inventos mecânicos dos últimos cinco mil anos fossem apagados de repente, haveria uma catastrófica perda de vida; mas o homem continuaria sendo humano. Por sua vez, se se eliminasse a faculdade de interpretar [...] a terra inteira desapareceria mais depressa que a visão de Próspero e o homem sumiria num estado mais desamparado e brutal que o de qualquer animal: próximo à paralisia” (Munford apud Mitcham, 1989, p. 55). A sociedade, a cultura e o progresso são associados ao desenvolvimento técnico. Os marcos da nossa história assim o comprovem: a “era da pedra”, a “era do broze”, a “revolução Industrial”.
A técnica (do grego, τέχνη (téchne) é o conjunto de procedimentos metódicos utilizados para conseguir obter um determinado resultado, seja no campo da Ciência, da tecnologia, das Artes ou em qualquer outra actividade. Assim sendo, é um conjunto de processos que acompanham os conhecimentos científicos e são utilizados na investigação e na transformação da realidade. Segundo o geógrafo Ruy Moreira, as técnicas são “as práticas de disciplinar a maneira de o homem lidar com o mundo que o rodeia”. Para este investigador, quando plantamos trigo, quando tocamos violão, estamos a desenvolver uma habilidade, uma técnica.
A ténica manifesta-se na actividade de todos os seres vivos, sendo uma resposta a necessidade de sobrevivência. No animal, a ténica é uma das características que define cada espécie. No ser humano, a técnica surge da sua relação com o meio, implicando reflexão, consciencialização, invenção. O ser humano constroi o que imaginou.
A tecnologia (do grego τεχνη — "técnica, arte, ofício" e λογια — "estudo") envolve o conhecimento técnico e científico de ferramentas, máquinas e outros instrumentos. Segundo Ruy Moreira, a tecnologia é “o conjunto dos princípios que orientam a criação das técnicas de uma civilização”.
A tecnologia e a técnica permitem ao ser humano desenvolver com maior habilidade as suas actividades, permitindo “dominar” o seu meio.
“Primeiro, a tecnologia é uma amiga. Torna a vida mais fácil, mais limpa e mais longa. Pode alguém pedir mais de um amigo? Segundo, por causa de seu relacionamento longo, íntimo e inevitável com a cultura, a tecnologia não convida a um exame rigoroso de suas próprias consequências. É o tipo de amigo que pede confiança e obediência, que a maioria das pessoas está inclinada a dar porque suas dádivas são verdadeiramente generosas. Mas é claro, há o lado nebuloso desse amigo. Suas dádivas têm um pesado custo. Exposto nos termos mais dramáticos, pode-se fazer a acusação de que o crescimento descontrolado da tecnologia destrói as fontes vitais de nossa humanidade. Cria uma cultura sem uma base moral. Mina certos processos mentais e relações sociais que tornam a vida humana digna de ser vivida. Em suma, a tecnologia tanto é amiga como inimiga [...]” (Postman, 1994, p. 12) .
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